Os níveis elevados de açúcar não têm efeito direto nos espermatozoides, mas poderão comprometer a produção de esperma, contribuindo assim para a infertilidade masculina, evidencia um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC).
A investigadora do grupo de ‘Biologia da Reprodução e Células Estaminais’ do CNC acredita que “este trabalho constitui um passo importante no esclarecimento dos mecanismos de ação da diabetes no sistema reprodutor masculino, permitindo delinear novas abordagens para estudos futuros.”
O estudo é inovador por avaliar vários parâmetros de funcionalidade espermática que não são usualmente avaliados, mas que fornecem informação muito mais detalhada sobre esta célula tão particular.
Sandra Amaral nota que “nas últimas décadas se tem assistido a um notório aumento do número de casos da diabetes em todo o mundo sendo que, atualmente, ultrapassa já um milhão de casos em Portugal, constituindo um número preocupante numa população com a dimensão da nossa.”
A diabetes encontra-se já entre as principais causas de morte nos países desenvolvidos e tem efeitos prejudiciais em quase todos os sistemas de órgãos, não sendo o sistema reprodutivo uma excepção.
“Apesar de a diabetes ser uma doença multifatorial, existem várias indicações de que a hiperglicemia será o principal promotor das alterações promovidas pela doença. Contudo, não excluímos a possibilidade do envolvimento de outros fatores, como o stress oxidativo ou processos inflamatórios que, conjuntamente com a hiperglicemia, poderão ter efeitos igualmente nefastos nos espermatozoides”, observa.