Grã-Bretanha planeja primeira fertilização com duas mães

Grã-Bretanha planeja primeira fertilização com duas mães

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A Grã-Bretanha publicou na quinta-feira uma proposta de regulamento para que o país se torne o primeiro a permitir tratamentos de fertilização em que os bebês resultantes tenham um pai e “duas mães”, evitando assim a transmissão de doenças incuráveis.

Médicos elogiaram a decisão, mas críticos temem que a prática leve ao nascimento de eugênicos “bebês de prancheta”. Segundo o governo, a medida será submetida a escrutínio público e aprovação do Parlamento. 

A técnica é conhecida como fertilização “in vitro” (FIV) com três genitores, porque a prole tem os genes da mãe, do pai e de uma doadora.

Paralelamente aos planos britânicos, consultores médicos dos EUA iniciaram nesta semana uma série de audiências públicas para avaliar as justificativas científicas para a realização de testes do procedimento em humanos.

O tratamento, atualmente apenas em estágio de pesquisa em laboratórios da Grã-Bretanha e Estados Unidos, representaria a primeira vez em que embriões geneticamente modificados seriam implantados em mulheres.

O processo envolve uma intervenção no processo de fertilização para remover o DNA mitocondrial danificado, capaz de causar doenças hereditárias como problemas cardíacos fatais, insuficiência hepática, distúrbios cerebrais, cegueira e distrofia muscular.

As doenças mitocondriais -que são incuráveis e transmitidas pela linhagem materna- afetam cerca de uma em cada 6.500 crianças no mundo todo. A mitocôndria funciona como pequenas “baterias” geradoras de energia dentro das células.

Os cientistas estão pesquisando várias técnicas de FIV com três genitores. Uma delas, sendo desenvolvida na Universidade de Newcastle, é conhecida como transferência pró-nuclear, e consiste na troca de DNA entre dois óvulos humanos fertilizados.

Outra, chamada de transferência do fuso materno, intercambia material entre o óvulo da mãe e o óvulo da doadora antes da fertilização.

Uma comissão de ética médica da Grã-Bretanha que avaliou possíveis novos tratamentos em 2012 concluiu que eles são éticos e devem ser levados à frente enquanto as pesquisas indicarem que eles serão seguros e eficazes.

Como a Grã-Bretanha está na vanguarda dessa pesquisa, as preocupações éticas, decisões políticas e avanços científicos são atentamente observados no mundo todo, especialmente nos EUA.

A consulta pública britânica sobre a proposta de regulamentação vai até 21 de maio.

Foto: Getty Images

Confira a matéria no portal Exame

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