Reversão da Vasectomia
Método realizado em ambiente ambulatorial, somente com anestesia local, a vasectomia é considerada uma opção segura e simples de esterilização. Por essa razão, tem se popularizado entre muitos homens casados que não desejam mais filhos. Ela consiste na interrupção do canal que leva os espermatozoides à uretra, o que mantém o funcionamento normal dos testículos, mas impede que estes sejam liberados na ejaculação. Apesar da existência de procedimentos de reversão, os especialistas aconselham a se pensar muito bem antes de realizar uma vasectomia. Apesar de ser um desejo genuíno, este nem sempre pode ser alcançado. Muitos fatores são determinantes: o tempo de realização da cirurgia, a técnica utilizada, a idade do casal e, até mesmo, fatores ligados à fertilidade feminina. Para os homens que fizeram vasectomia e querem ser pais novamente, existem duas alternativas:
– A reversão cirúrgica da vasectomia, chamada vasovasoanastomose;
– A fertilização in vitro (FIV-ICSI) com espermatozoides retirados do epidídimo.
Para decidir qual a melhor alternativa para o casal, devem ser levados em consideração alguns aspectos. O primeiro deles é a capacidade reprodutiva da mulher: idade, permeabilidade das trompas, presença ou não de endometriose, etc. Se da parte feminina não existir nenhum fator impeditivo para uma gestação espontânea, avaliam-se outras questões que, resumidamente, estão enumerados na tabela abaixo:
Vantagens e desvantagens de cada método |
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Vasovasoanastomose | ICSI |
Mais barato | Mais caro |
Melhor para casais jovens (gravidez pode demorar de 8 a 9 meses) |
Melhor nos casos em que a mulher tem idade superior a 35 anos |
Menos invasivo para a mulher | Menos invasivo para o homem |
Não invalida a ICSI | Pode invalidar a reversão (nos casos de punção de epidídimo) |
Necessita treinamento em microcirurgia | Somente é feito em grandes centros e clínicas especializadas |
Devolve autonomia reprodutiva ao casal (se a cirurgia for bem sucedida) | Sempre haverá necessidade de repetição caso não ocorra gestação no ciclo de tentativa ou se deseje nova gestação |
Mesmo que a cirurgia seja bem sucedida há o risco de ocorrer infertilidade de causa imunológica | Maior risco de gravidez múltipla |
Outro aspecto que deve ser levado em conta é há quanto tempo o homem está vasectomizado. Como se pode observar no gráfico, quanto menos tempo, maior a chance de sucesso da reversão. Mas, mesmo que haja sucesso na reversão, a gravidez nem sempre vai ocorrer. O homem vasectomizado pode vir a produzir anticorpos anti-espermatozóides e a qualidade dos espermatozóides pode ficar comprometida.
Portanto, nas reversões realizadas até três anos após a vasectomia, a chance de se obter espermatozóides no ejaculado é de 97% e, de gravidez, 76%. Entre três e oito anos de vasectomia, as chances de gravidez caem para 53%. Entre nove e 14 anos, para 44% e, em vasectomias de mais de 15 anos, a chance é de apenas 31%.
Se a mulher tiver alguma causa de infertilidade, se sua idade for superior a 35 anos, se o homem não desejar se submeter à cirurgia de reversão ou se o tempo de vasectomia for superior a oito anos, então a alternativa ideal é a ICSI com espermatozóides retirados do epidídimo, por meio de uma finíssima agulha que passa através da pele, utilizando apenas anestesia local.
O recomendado é que o casal que se encontra nessa situação discuta o caso tanto com o ginecologista especialista em reprodução assistida, quanto com o andrologista. A decisão sobre o melhor tratamento deve ser um consenso entre fatores femininos e masculinos.