Segundo um estudo realizado na Dinamarca, mulheres que bebem 14 ou mais doses de álcool por semana são levemente mais propensas a apresentar a fertilidade reduzida.
Orientações oficiais em diversos países, incluindo o Reino Unido, Estado Unidos e Dinamarca, recomendam que mulheres tentando engravidar devem evitar o consumo de álcool. Porém a extensão dos efeitos do álcool na fertilidade feminina é incerta.
Um grupo de pesquisadores dinamarqueses desenvolveu um estudo de coorte prospectivo para verificar a associação entre consumo de álcool pré-concepção e tempo para gravidez.
Em países desenvolvidos, até 24% dos casais experienciam a infertilidade, definida como um tempo de 12 ou mais meses até a gestação. O estudo foi realizado com 6.120 dinamarquesas residentes, entre 21 e 45 anos, que estavam em relacionamento estável com um parceiro, tentando engravidar, sem tratamento de fertilidade, entre junho de 2007 e janeiro de 2016. O estudo apreciou o consumo de álcool em geral, assim como o consumo de tipos específicos como cerveja, vinho e aguardente.
Baixa a moderada ingestão de álcool, definida como uma a sete doses por semana, pareceu não afetar a fertilidade feminina, nem o tipo de bebida consumida. Porém, o autor do estudo, de qualquer forma, recomenda que os casais não consumam álcool durantes suas janelas de fertilidade até que a possibilidade de gravidez seja descartada, uma vez que o feto pode ser particularmente vulnerável durante as primeiras semanas após a concepção.
Durante o estudo, o consumo de álcool era auto reportado como: cerveja (garrafa de 330ml), vinho tinto ou branco (taças de 120ml), vinho de sobremesa (taças de 50ml) e aguardente (20ml), e então categorizado no consumo padrão por semana (nenhum, 1-3, 4-7, 8-13, e 14/mais).
Cada mulher participante completava questionários bimensalmente, por 12 meses, ou até quando conseguisse engravidar, com o seu consumo de álcool, o status de gravidez, dados do ciclo menstrual, frequência de relação sexual e fumo.
Em mulheres que bebiam 14 ou mais doses de álcool por semana, ocorreram 37 gestações em 307 ciclos, comparados a 1.381 gravidezes em 8.054 ciclos para mulheres que não bebiam.
Esse é um estudo observacional, por isso não se pode tirar conclusões de causa e efeito. O estudo não diferenciou consumo regular e excessivo, o que é importante pois álcool pode afetar o ciclo menstrual. O consumo de álcool do parceiro também não foi levado em consideração, o que afeta a qualidade do sêmen.
Em um editorial vinculado, Annie Britton, da Universidade College Lonson, atestou que os resultados oferecem garantias aos casais tentando engravidar e sugere que a abstinência total de álcool não é necessária para maximizar as taxas concepção, se consumido moderadamente.
A mesma ainda afirma que, de qualquer forma, é prudente evitar o consumo excessivo de bebida alcoólica, devido à possível interferência no ciclo menstrual e também pelo possível dano ao bebê no início da gestação. Se um casal está com dificuldades para engravidar, faz sentido que os dois diminuam seu consumo de álcool.
Ellen M Mikkelsen, Anders H Riis, Lauren A Wise, Elizabeth E Hatch, Kenneth J Rothman, Heidi T Cueto, Henrik Toft Sørensen. Alcohol consumption and fecundability: prospective Danish cohort study. BMJ, 2016.