Esta semana tive acesso a dois textos interessantes sobre temas que precisam ser mais discutidos pela comunidade científica e, especialmente, pelos especialistas em reprodução assistida: a escolha de características físicas e de gênero dos bebês. Eu, particularmente, sou em princípio contra à sexagem. Por isso, gostei bastante do artigo do Dr. Joaquim Coelho, publicado no blog Infertilidade. Já o assunto tratado pela Veja enfoca também a possibilidade de escolher as características físicas dos bebês por meio do diagnóstico pré-implantacional do embrião.
Para mim, escolher antecipadamente como um bebê virá ao mundo fere o princípio de que nascemos livres. Imagine-se a posição desta pessoinha que nasce para atender às expectativas de outros (no caso, seus próprios pais). O pequeno já vai nascer com uma algema. Penso que os filhos vêm para que possamos constituir famílias e a família serve para que cresçamos como seres humanos, aprendendo a lidar com as nossas diferenças. Isso, no final das contas, é se libertar e saber lidar com a nossa liberdade e a dos outros. A liberdade é o que a Mãe Natureza nos deu de mais precioso e, como médica que trabalha numa área tão delicada, procuro ter isso sempre em mente, e no coração, para nortear meus passos profissionais.
Dra. Maria Cecília Cardoso
Embriologista do Centro de Fertilidade da Rede D’Or