Embora os avanços tecnológicos na fertilização in vitro (FIV) tenham melhorado bastante as taxas de sucesso, a idade da mulher continua sendo um dos principais fatores que influenciam a fertilidade, tanto de forma natural quanto nos tratamentos de reprodução assistida.
Vamos entender melhor como isso funciona e o que pode ser feito para preservar a fertilidade por mais tempo.
A Idade Ainda é o Fator Mais Decisivo
- Mulheres até os 35 anos: geralmente têm maior reserva ovariana e qualidade dos óvulos. As chances de sucesso em tratamentos como a FIV são significativamente maiores.
- Entre 35 e 40 anos: a fertilidade começa a diminuir gradativamente. Os óvulos se tornam menos numerosos e com mais chance de alterações genéticas.
- Após os 40 anos: a queda na fertilidade é mais acentuada. A taxa de sucesso da FIV com óvulos próprios cai, e muitas mulheres passam a considerar o uso de óvulos doados.
A fertilidade da mulher diminui naturalmente com o passar dos anos. Isso acontece porque, ao contrário dos homens, que produzem espermatozoides continuamente, as mulheres já nascem com uma quantidade fixa de óvulos, que vai diminuindo em número e qualidade com o tempo.
E o Homem?
Já nos homens, o impacto da idade é mais gradual, mas também relevante. A partir dos 40-45 anos, podem ocorrer:
- Diminuição da contagem e motilidade dos espermatozoides.
- Maior risco de alterações genéticas no sêmen.
- Aumento do tempo para engravidar uma parceira.
Mesmo assim, muitos homens mantêm a fertilidade até idades mais avançadas, embora os riscos aumentam discretamente com o tempo.
Saúde Geral: Um Papel Essencial
A fertilidade não depende só da idade, mas também da saúde física e emocional. Alguns fatores que impactam negativamente a fertilidade de homens e mulheres incluem:
1. Obesidade ou baixo peso
- O excesso de gordura corporal pode afetar a ovulação e os níveis hormonais.
- Mulheres com índice de massa corporal (IMC) muito alto ou muito baixo podem ter dificuldade para ovular.
- Em homens, a obesidade pode diminuir a produção de testosterona e afetar a qualidade do esperma.
2. Doenças crônicas não controladas
- Diabetes, hipertensão e problemas da tireoide, quando não controlados, interferem nos ciclos menstruais, ovulação e produção hormonal.
- No homem, essas doenças também podem impactar a função erétil e a qualidade do sêmen.
3. Estresse e saúde mental
- Altos níveis de estresse estão associados a desequilíbrios hormonais.
- O estresse também pode afetar a libido, o sono e a alimentação, prejudicando ainda mais a fertilidade.
4. Tabagismo e álcool
- O cigarro reduz a qualidade dos óvulos e acelera a falência ovariana.
- Em homens, o fumo e o álcool podem reduzir a motilidade dos espermatozoides e aumentar alterações no DNA espermático.
5. Exposição a substâncias tóxicas
- Substâncias químicas (como pesticidas, metais pesados e solventes industriais) podem prejudicar a fertilidade.
- Isso vale tanto para quem trabalha com esses produtos como para quem os consome de forma indireta (por exemplo, através de alimentos contaminados).
Além disso, condições como endometriose, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e varicocele (no homem) são causas comuns de infertilidade, mas que muitas vezes podem ser tratadas ou controladas com o acompanhamento adequado.
Como a Idade e a Saúde interferem nos Tratamentos?
As mulheres mais velhas geralmente precisam de doses maiores de hormônios para estimular os ovários, o que pode tornar o tratamento mais caro e com mais efeitos colaterais.
O número e qualidade dos óvulos afetam diretamente a quantidade de embriões disponíveis e as chances de implantação bem-sucedida, por isso a necessidade de técnicas adicionais: como testes genéticos pré-implantação (PGT) para selecionar embriões sem alterações genéticas e diminuir o risco de aborto espontâneo, especialmente após os 40 anos.
Recursos Disponíveis para Preservar a fertilidade: O Que Pode Ser Feito?
Felizmente, hoje existem várias opções para preservar a fertilidade e aumentar as chances de sucesso no futuro, mesmo quando a gravidez não é possível no momento:
1. Congelamento de óvulos e sêmen
É a técnica mais conhecida e usada para preservação da fertilidade. Indicado para mulheres que desejam adiar a maternidade ou precisam passar por tratamentos médicos que podem afetar a fertilidade (como quimioterapia).
O ideal é congelar óvulos antes dos 35 anos, quando a qualidade ainda é alta.
2. Congelamento de embriões
Casais que já passaram pela FIV podem congelar embriões excedentes para uso futuro. Isso evita repetir todo o processo de estimulação e coleta de óvulos.
3. Congelamento de tecido ovariano ou testicular
Técnica mais recente, indicada principalmente para crianças ou jovens que ainda não produzem óvulos ou espermatozoides. Muito usada em pacientes com câncer, antes de tratamentos agressivos.
4. Acompanhamento preventivo com ginecologista e/ou urologista
Exames de rotina ajudam a detectar alterações que podem prejudicar a fertilidade no futuro.
Avaliar a reserva ovariana ou a qualidade do sêmen pode ajudar a tomar decisões antecipadas.
5. Mudanças no estilo de vida
Alimentação equilibrada, prática regular de exercícios, controle do peso e abandono de vícios são atitudes que preservam a saúde reprodutiva.
6. Tecnologias de apoio
Ferramentas como testes genéticos, inteligência artificial para análise de embriões, vitrificação e automação laboratorial tornam os tratamentos mais seguros e eficientes.
A idade e a saúde geral são determinantes importantes na jornada da fertilidade. Mesmo com todos os avanços da medicina reprodutiva, ainda é muito mais fácil ter bons resultados quando o tratamento começa cedo e o corpo está saudável.
Mas isso não significa que tudo está perdido para quem deseja adiar a maternidade ou enfrenta dificuldades para engravidar. Com as ferramentas e tecnologias atuais, é possível preservar a fertilidade e planejar a chegada de um filho com mais segurança.
A chave está na informação, no cuidado com a saúde e na busca por orientação especializada. Quanto mais cedo a pessoa conhece suas possibilidades, maiores são as chances de realizar o sonho da maternidade ou paternidade no momento certo.